quinta-feira, 21 de março de 2013

Por fim, só sabia dizer "amém"

 O que me fez acordar foi quando você se levantou, olhei pro lado e seu rosto não estava ali. Daquele velho jeito neutro, amoroso, paciente. Levantei, vesti minhas melhores roupas, sentei naquela poltrona simples da sala. Peguei qualquer livro na estante e quando o abri, comecei a ler. Não sai dali o dia inteiro. Até terminei o livro depois de muitos anos sem ler algum de verdade. A solidão estava me fazendo companhia. Não queria abrir mão disso. Querido, comecei a pensar na noite passada, quando vi um trecho assim: "então, ele a amava com tanta vontade. Despertava nela os melhores sentimentos, delirava os seus sentidos, bagunçava suas lembranças e movia suas vontades". Mas o dia tinha passado e você não abriu a porta. Percebi que não a abriria novamente, quando virei a página e me apareceu a continuação: "... Mas aquele sonho não poderia ser real. O coração dela era sensível demais, e ela o entregou nas mãos dele, só que ele apertou demais, que as veias estouraram..."

Não queria mais continuar a ler... E, no final, tinha uma parte que ela lembrou que marcou há uns anos, que era assim: "Dê atenção aos seus desejos, coração de mulher não se brinca. Moça, flor, singela, sensível, desistente, abalada. Tanto para nada. Tantos sonhos e irás correr atrás". Por fim, só sabia dizer "amém". Era ela se reacendendo. E tinha certeza de uma coisa, vontade não faltaria. 

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