quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Leia ao som de "Not About Angels - Birdy".


Ainda há tempo de ser ter uma vida, de ter fé ou correr atrás de possibilidades infinitas. Argumente na frente do espelho as suas impossibilidades de vida. Faça-se especial. Anjos possuem esse dom, e, ao fazermos isso percebemos que eles existem. Basta apenas pararmos para ouvir o silêncio. Quanta coisa o silêncio pode nos apresentar. Venha cá e seja firme. Venha cá! Vou te ensinar a ser um humano. 

"Uai, podemos ensinar um anjo ou alguém a ser um humano?" 

Uai! Sim, podemos! As possibilidades estão batendo à sua porta e o segredo é apenas abri-la. Não é errado atravessar a linha. E se o seu coração estiver pleno do amor que possui, poderá voar mais alto. Poderá tornar-se um pássaro ou um anjo de tão leve. Parece sonho. Ilusão. Ou quem sabe apenas uma loucura básica. Haverá sempre uma mistura de misericórdia com perdão. Mas perdão não significa esquecimento, dear. Aprenda a respirar quando estiver no fundo. 

Fazer um roteiro de si mesmo é difícil. Até porque, atualmente, compensa mais ficar indo e vindo. Indo e vindo. Indo e vindo. Indo e vindo. Indo e vindo. Assim, o jogo acaba rápido demais, meu velho amigo. A verdade é que direito e justiça não caminham juntos. E ser justo nem sempre significa ter doses de igualdade dentro de si. E, sim, gotas de humanidade para ser um anjo. Nada sobre anjo aqui e nem ali. Mas contribua com sua bondade para si mesmo e para os que lhe cercam. 

Não foda com o resto de sua vida justificando os acontecimentos do passado. 

A Forma mais Completa de se Ter


Sei que a vida não é um conto de fadas. Que nós seres humanos devemos respeitar os limites e viver a vida de acordo com as nossas possibilidades. Que o mundo é violento em qualquer esquina e que de nada adiante tentar mudar o mundo, senão fazemos um esforço para mudarmos a nós mesmos. Que a intensidade com que se sonha é a mesma com a qual temos sede de vida, mas acabamos ficando sufocados por questões ditadas pela sociedade. Que quanto mais rápido vamos, mais rápido caímos. E que se mantemos a nossa velocidade, podemos chegar leves ao final. Pois, fizemos valer cada coisa. 

Sei também que na vida não se tem ponto de chegada, apenas de partida e olhe lá. Por que pela lógica, podemos definir a vida como um caminho. Que a vida é um caminho. Tudo em si, resume-se a isso. Mas e pela a sua lógica de mulher? E pela sua simpatia? Pelo quê que você luta como mulher? Luta para ter uma família? Uma casa? Amizades? Qual a sua luta diária?

Não é culpa sua se você não quer ter filhos antes dos trinta anos. Não é culpa sua sentir-se presa, mas você também permite isso por dentro. Dizem que mulher amadurece mais rápido do que o homem, que a mulher é isso ou que é aquilo. Mas ser mulher está além disso. Está no fato de poder amar-se e permitir-se ser amada. Está nas características físicas e biológicas. Mulher dá a vida a si mesmo. Nós possuímos esse poder. 

Digo isso porque podemos dar à luz a outra vida, podemos ter vínculos inexplicáveis com pessoas que mal conhecemos, mas que já amamos. Podemos usar saltos desconfortáveis, apenas para termos o poder de nos sentirmos bonita. Podemos criticar uma roupa. Mas somos fortes. As dores são de depilação, de parto, de cólica ou de doença. Podemos aguentar até mesmo a dor da dança. Afinal, mulher que faz balé tem que aguentar o dobro de seu peso em uma perna ao fazer um plié. Mas eu acho que não estou deixando claro o que é ser uma. E isso é uma das principais características. 

Ser mulher é possuir a lógica do contraditório, os pensamentos confusos e, mesmo assim, saber aonde se quer chegar. Deixei um pouco claro? Ainda não? Ok! Façamos assim: olhe-se no espelho e repare em cada parte do seu corpo. Conheça-se. Repare em seu olhar. Explore-se. Repare em seu poder feminino (seja ele natural - sem maquiagem - ou disfarçada). Surpreenda-se. Cozinhe com amor para si. Se não souber, sem problemas. Isso se aprende. 

A única coisa que chegamos a fazer com naturalidade é comer - sem duplo sentido (risos). É a forma mais completa de se pertencer. De se ter. De ser e ter. Talvez a lógica de Deus, seja que nós, mulheres, sejamos um poço de segredo, ao qual devemos descobrir a cada dia uma coisa nova. É poder de ser dúbia, fiel e sincera. Ou contraditória, única e exploradora. Ou amável e sequelada. Vai de você descobrir-se. Assim, como vai de mim parar por aqui. 

Ao som do amor

Leia isto ao som de "Birdy - Tee Shirt".


Ela era o sonho de amor mais doce que alguém poderia sonhar na vida. Ela era amarga na medida e indecente com discrição. Ela guardava mais dentro de si do que os céus poderiam desconfiar. Cada lágrima que ela derramava era recompensada no sorriso que ela dava. Deus! Ela mexia com minha mente, com minhas vontades. Ela confundia meus instintos. E ele? Bom, ele era aquele amor de verão, porém não passageiro. Era de uma vida. 

Ele interpretava os sinais dela. E quando ele dirigia, após passar a marcha do carro, pegava na mão dela que estava sobre a perna dela e outrora sobre a perna. E apertava com vontade. E isso o fazia sentir que era pra vida toda. Ele gostava de usar argumentos variados e sonhar alto. Ela mantinha o pé no chão na medida do possível também. Completavam-se. Mas porquê completavam-se? Uma resposta bastante longa. Vamos procurar definições.

Quando ele a olhava sentia as pernas tremerem. Teve uma vez, uma semana após o aniversário dele de dois anos atrás, foi num sábado. Eles combinaram de ir a uma livraria. Encontraram-se na estação de Taguatinga e foram rumo ao destino. Chegando lá, andaram cerca de trinta minutos da estação até o CasaPark e foram conversando, rindo, distraindo-se e provocando-se com palavras. Não era amor, era amizade. Mas o amor estava começando a nascer. 

Ele estava deitado no colo dela. Ela começou a fazer cafuné e ele fechou os olhos. Olhava-o com tanto amor, com tanta doçura e pensava que aquilo poderia ser o inicio de uma vida. Amor não é definido pelo que pensamos das pessoas e, sim, pela forma como as vemos. Ou seja, se quer saber se ama, apenas olhe no olho da pessoa. Você acha que seu coração irá disparar de primeira. Só que antes é necessário compreender que a capacidade humana vai além do que imaginamos. 

O amor ele não pode ser resumido ou traduzido. Ou você toca ou não toca. Ou sente ou não sente. Ela imaginava que era amor, por que ao acordar pela manhã e quando o sol entrava, ela só pensava nele. E na possibilidade dele pensar nela também. Nas infinidades de momentos tranquilos. Ela sonhava de uma maneira simples, mas não objetiva. Ela sonhava, por que era uma mensagem que nunca seria deletada. Ou por que era uma caminhada que não era só. 

E quando a gente pensa que está só, vem isso e nos mostra que é possível viver de nós. Ou de nós mesmos. Um nó lindo e delicado. Se apertar demais, machuca. Se soltar demais, fica para trás e você continua andando para frente. Ela se dava o direito de sonhar, por que compreendia que poderia passar a dormir tranquila. Que se pode, sim, ter apenas um número (de telefone) para cada momento da nossa vida. Desde que não tenhamos medo de não permanecermos pela metade ou completos. 

O final é imprevisível. Por isso, sinta-se verdadeiro para poder sentir que é capaz de sacudir o mundo inteiro. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A História de Samanta


Leia este texto ao som de Let Her Go - Passenger!

     Era um segunda-feira e ele ligou para ela dizendo que queria ir à casa dela para eles conversarem. Ao chegar lá, ele viu que ela estava mais linda do que qualquer outra vez que já tinha visto-a. Ele estava com as mãos no bolso. Até que ela perguntou o que ele queria. Ele se aproximou e colocou as mãos em seu rosto, e disse: - "Eu apenas queria fazer isto". Ele, então, a beijou com vontade. Desceu suas mãos pelo pescoço, depois os cabelos. Manteve a pegada. 

     Puxou-a para mais perto e foi descendo as mãos até a sua silhueta. Ali permaneceu com a mão. Durou por uns dois minutos aquele momento. Até que ele parou e olhou em seus olhos de novo. 


Logo Samanta perguntou: - "O que houve?" 
- Não houve nada, apenas quero olhar nos seus olhos. - Respondeu ele meio que fazendo força para disfarçar a tristeza dentro de si à respeito do que havia descoberto. 
- Não, mas você não está bem. Sinto isso. - Insistiu ela. 
- Estou bem, senhorita. Não precisa provar que me conheces tão bem. E insisto: estou bem. Apenas com alguns planos e receios. - Disse John. 
- Posso saber quais são? - Samanta disse com um ar de curiosidade. 
- Pode sim. É que no final do ano vou fazer uma viagem e estou pensando para onde. 
- Estou inclusa?
- Não, porque já tenho planos para você! Irá viajar antes de mim para a Irlanda. 

    Samanta ficou com uma pulga atrás da orelha, mas logo entendeu que não era mais o momento de perguntar nada. Ele apenas foi falando que já estava tudo planejado e comprado para ela ir com a Ângela, melhor amiga dela. E pelo resto do dia, eles foram passear no parque, tomaram um açaí e conversaram bastante. À noite quando John foi deixá-la em casa e ao deitar-se na cama, Samanta decidiu que havia algo de errado. Mas que não iria insistir, pois não queria demonstrar nada. Apenas queria que ele estivesse feliz. 

     Samanta era uma menina branca, cabelos pretos e lisos. Seu rosto angelical lembrava ao John, todas as vezes que ele olhava, os motivos pelos quais ele havia escolhido ela para ser sua pelo tempo que lhe restava. Ele apenas a amava com todas as suas forças. Até porque ela tinha sido à mulher que o fez mudar totalmente. Sair das drogas, parar de mexer com coisas erradas e procurar ser alguém melhor na vida. Ela o fez amadurecer, amar e viver melhor. 

     E ela lembrava todas as vezes que o havia escolhido quando o seu coração o viu e começou a acelerar. Pensou que aquilo era uma coisa apenas de momento, mas já estavam juntos há cinco anos. Isso é amor. Samanta dormiu, já estava cansada de ficar pensando. O tempo foi passando. No dia seguinte John foi ao hospital fazer alguns exames para confirmar o que ele tinha. E estava confirmado. 
     
      Era leucemia. De quebra: apenas seis meses de vida. 

     Uma semana depois pediu Samanta em casamento e falou que queria se casar o mais rápido possível. Um mês depois casaram-se e ele começou a ficar fraco. Começou perdendo a cor, ficando cada vez mais pálido. E a cada vez que ela perguntava o que era, ele falava que era a pressão baixa. Passaram mais dois meses, os cabelos dele começaram a cair. Era o resultado das quimioterapias que ele estava fazendo escondido dela. Falava que estava com os amigos, ou trabalhando, ou andando no parque. 

     Para Samanta não perceber, raspou a cabeça de vez e disse que era em comemoração por ter sido promovido no trabalho. Ela acreditou de novo. Chegou o tempo da viagem de Samanta. 


     Então, ele a deixou ir (let her go). Pensou que era o melhor. Despediram-se rapidamente. E então, ele entrou no carro. Foi para casa chorando. Estava com a certeza de que foi o melhor. Pois, não queria permitir que ela o visse morrer pouco a pouco. O dia passou rápido. Em uma segunda-feira, pela manhã, John levantou para ir trabalhar, estava colocando o seu café na xícara. Quando, de repente, ele caiu desmaiado no chão da cozinha. Sua irmã chegou alguns minutos depois, por que eles haviam combinado dela deixá-lo no trabalho naquela dia.

     Raquel havia buzinado várias vezes, mas ninguém saia da casa. Ela sentia que de algum modo John estava lá dentro. E decidiu tocar a campainha. Tocou umas dez vezes seguidas, ninguém abria a porta. Então, decidiu entrar. Já que sabia aonde ficava escondida a chave extra na varanda da casa. Ao entrar, viu seu irmão desmaiado no chão da cozinha. Levou-o para o hospital rapidamente. A situação de John tinha complicado e ela tinha que avisar a Samanta. Mas lembrou-se de que ele havia pedido para ela não contar nada e deixar ela aproveitar a viagem. 

      Samanta estava na Irlanda já. Três dias haviam se passado. Ela estava caminhando pela cidade, quando sentiu tontura. Sendo que não era primeira vez, então decidiu visitar o hospital mais próximo. Ao chegar fez exames e o médico foi bem objetivo ao pedi-los. Uma hora depois saíram os resultados. Samanta estava grávida de três meses. E então ela pensou em adiantar a passagem. E ao invés de ficar por duas semanas, ficaria por mais três dias e voltaria. Era o tempo dela adiantar a passagem e acertar as coisas com Ângela. 

     Era sábado pela manhã quando Samanta chegou em sua casa. Estava feliz, porque imaginava chegar em casa e ver o John lá para poder abraçá-lo forte e contar a novidade. Estava feliz pelo fato de uma criança estar crescendo dentro dela e essa criança era uma parte dela e dele. Samanta o procurou por todos os cantos da casa, mas não o achava. Ligou várias vezes no celular dele e dava apenas na caixa de mensagem. Teve a ideia de ligar para Raquel:

- Olá, Raquel. É a Samanta. Já cheguei de viagem. Tive que adiantar a passagem, pois tenho uma notícia maravilhosa para compartilhar com John e a família. - Disse Samanta com ansiedade em saber sobre John. 
- Sam, estou no hospital San Marcos. Venha até aqui. John está comigo. - Disse Raquel com a voz vazia. 
- Está bem. Mas aconteceu algo? - Perguntou com uma voz baixa e sentindo algo ruim. 

    Meia-hora depois ela tinha chegado ao Hospital San Marcos. Perguntou por Raquel Boulevard. Falaram que ela estava no quarto 401. Chegando ao quarto... Samanta ficou paralisada na porta ao ver que quem estava deitado na cama cheio de agulhas era John e não Raquel. Levou um susto ao vê-lo daquele jeito. Saiu correndo pelo corredor. Então, ela estava cansada demais para continuar, agachou-se e abraçada aos próprios joelhos começou a chorar feito criança desprotegida. 

     Raquel estava procurando por Samanta. Dez minutos depois achou-a. Sentou-se ao seu lado e abraçou ela. Explicou toda a história. E disse que John precisava muito dela agora. Precisava daquela mulher forte que ele sabia que ela era. Samanta enxugou as lágrimas. Voltou para o quarto 401 e abraçou John com muita força. Decidiu que estaria do lado dele para tudo. Como sempre esteve. Deitou-se ao lado dele e começou a falar:

- Por quê não tinha me dito antes sobre a doença? 
- Por que não queria vê-la sofrer. Queria continuar tirando força do seu sorriso e não da sua prova de fogo. 
- Eu teria aguentado. E se o seu medo era que eu deixasse de sorrir, sinto muito, mas está enganado, moço. Não deixarei de sorrir para você. - Disse Samanta com uma voz doce, quase que angelical. 
- Sei disso. Mas, mesmo assim, quis guardar para mim. Raquel foi saber disso na semana passada também.
- Ah, então, o moço acha que pode ser forte sozinho? Não, não, não. 
- Sam, estou um pouco com sede. Dê-me água?

    Samanta levatou-se e pegou um copo d'água para John. Deu a ele. Bebeu tudo. Levantou-se de novo para deixar o copo perto do frigobar que ficava perto de um armário alto de duas portas. Ao voltar percebeu que ele estava meio sonolento. Decidiu não falar mais nada. Deitou-se ao lado dele de novo. E os dois acabaram adormecendo. No final da tarde, Samanta acordou mais forte e com um sorriso leve no rosto para transmitir força a ele. E Raquel sabia da força que ela estava fazendo por dentro. Raquel ao perceber aquilo, deixou-os a sós. 

    Ela continuou deitada sobre o peito de John e começou a conversar:
- John, tenho uma novidade muito boa. - Disse Sam com um certo entusiasmo. 
- Sério? Quero saber o que é! Conte-me, Sam... - John fez força para falar. Sam continuou fazendo um certo suspense, até que começou a falar.
- No terceiro dia que eu estava na Irlanda com Ângela, percebi que a minha frequência com enjoos e tonturas estavam aumentando gradativamente. - John estava lutando para não fechar os olhos. - E vomitando tudo o que comia, então decidi ir ao hospital ver o que era. O médico foi bastante objetivo comigo e pediu os exames. Ângela esperou por uma hora comigo até que os resultados saíssem. Quando saíram e os vi, nem eu acreditei. Mas fiquei super feliz. - John fez uma força e perguntou o que deu. E então ela continuou falando: - Eu estou grávida, J...

   Quando Samanta estava terminando de pronunciar o nome de John, o aparelho começou a disparar. Logo em seguida, os médicos e enfermeira entraram no quarto. Samanta levantou rapidamente e em menos de alguns minutos Raquel apareceu. Abraçou-a. Samanta ficou paralisada novamente e gritando o nome de John. Ela não acreditava no que seus olhos estavam presenciando. Os batimentos de John estavam diminuindo cada vez mais. Até que pararam de vez. E nada do que os médicos fizessem o reanimara. 

   John Leonard Boulevard morreu em um sábado, às sete horas da noite, deitado em uma cama de hospital abraçado a sua esposa que dizia que estava esperando um filho seu. Samanta estava sozinha agora. No domingo, foi o enterro dele. Ao final do enterro, Raquel chegou perto de Sam com uma carta em mãos, dizendo que era uma carta endereçada a Samanta e que foi escrita por John, enquanto ele estava no hospital. Ele tinha feito ela prometer que entregaria a carta a Sam após seu enterro. Dito e feito!

    Sam relutou para pegar a carta, mas acabou aceitando, pois sabia que isso tinha sido a última vontade de John. Quando chegou em casa, deixou suas coisas sobre a mesa da cozinha. Foi para o quarto e tomou um banho bem gelado. Demorou mais do que o esperado. Saiu e se arrumou. Vestiu uma calça do moletom e uma blusa folgada com mangas curtas, calçou um par de meias e apenas penteou o cabelo para trás sem secar. Foi para a cozinha e preparou algo para comer. Não comeu muito. Sentiu uma ânsia de vômito e parou de comer. Arrumou o que estava sujo e foi para o sofá da sala. 
    
    Mas antes pegou a carta que estava sobre a mesa. Ao sentar-se no sofá, ficou olhando por alguns minutos para a carta e viu que no verso do envelope estava escrito: "Let Her Go, minha querida Sam". Abriu-a e começou a ler: 

"Minha querida Sam, 
      Provavelmente, quando estiver lendo essa carta, já não estarei mais ao seu lado e do nosso bebê. Sim, eu já suspeitava que estivesse grávida. Ou você esqueceu que sou seu marido e conheço o seu corpo. Eu reparei que sua silhueta estava mais larga que o normal e você estava reclamando direto sobre os enjoos, tonturas e tudo mais. Por isso, me adiantei e comprei algo para nosso filho. Deixei na sua gaveta de lembranças. É uma roupinha linda para ele ou ela sair da maternidade. 

    Minha querida Sam, não chore. De qualquer maneira eu sempre estarei presente. Quando sentir minha falta olhe para o céu e o vento que bater em seu rosto ou quando sentir algo bom, é sinal de que estou por perto. Meu amor é incondicional e você me fez o homem mais feliz dentro das suas possibilidades como mulher. Digo de passagem: uma mulher fantástica. Nosso filho terá sorte em tê-la como mãe. Sei também que tudo dará certo, Sam. 

      Lembra-se da nossa primeira viagem juntos, foi para a Grécia. E ao chegarmos lá não sabíamos falar grego e ninguém nos entendia muito bem. Nos metemos em uma baita confusão. Mas o que nos fez rir de tudo aquilo, é que estávamos comemorando o nosso primeiro ano de namoro. Ótimas lembranças. Quanto amor sentíamos. Foi lindo. E teve um momento que me marcou, que foi quando estávamos andando pela praia e paramos para admirar a divindade feita por Deus. 

     Naquele exato momento você olhou em meus olhos e disse: "aconteça o que acontecer te amarei. E Deus nos fez divinos, assim como essa paisagem. E se eu morrer antes de você, quero que sejas feliz como nunca foi. Quero que você, John, viva a vida da melhor maneira possível e continue tendo fé". 

     Sam, hoje sou eu que lhe escrevo pedindo isso. Por que por uma ironia do destino eu estou morrendo a cada dia. E primeiro do que você. Por isso, sinto-me no direito de pedir que você levante desse sofá, vista a sua melhor roupa e vá aquele restaurante chinês que nós adoramos e peça a comida mais gostosa e se esbalde. Não esqueças que está comendo por dois agora. E como acho que se sentirá sozinha, tomei minhas providências. Raquel estará te esperando às dez horas lá para jantarem. Apenas aproveite. 

      Não posso esquecer de dizer que você foi a mulher que mais amei na vida, que me fez completo. E que se chegamos até aqui é por que a vida tem um plano muito melhor para nós. Paciência. Paciência. Repito: paciência. A morte é breve. O que é eterno é o que a alma deixa pelo mundo. A morte é breve, Sam. Sei disso. Mas o que não é breve é o sofrimento que nos mata pouco a pouco. E eu morri feliz, afinal tive você em meus braços e em minha vida. 

     Não se esqueça: a morte é breve, mas a dádiva de poder vivê-la não é. E à nossa criança ensine isso. Sei que será uma boa mãe. E aposto que será uma linda menina.

Até breve, e viva!
Com amor, John!"

    Ao terminar de ler a carta, percebeu que uma lágrima estava descendo. Foi ao banheiro e lavou o rosto, vestiu sua melhor roupa, encontrou Raquel no restaurante no horário marcado. Conversaram, choraram e riram. Sam contou tudo o que havia vivido com John e o resultado agora estava em sua barriga. Acabou! Voltou para casa e dormiu. Daí para frente, passaram-se seis meses e o bebê nasceu. Era uma linda menina, chamada Clarice. 

    E, assim, Sam percebeu que não importa o que você tem na vida. O que importa é quem você tem e o que já fez para essas pessoas. Não importa o que já fizeram para você e, sim, que debaixo dos céus sempre há um propósito. E que a vida era um caminho válido. Até mesmo por que "a morte é breve, mas a dádiva de poder vivê-la não é". 

Eu não quero estudar isso.
Eu não quero saber daquilo.
Muito menos que ouvir histórias sobre o mundo.
Minha vida já anda na contramão demais.
Meus pensamentos são como uma fera
arranhando as grades para sair da jaula.
Minhas mãos são geladas
como o corpo de um defunto.
A rua é vazia para poder andar
E pedir aos céus uma companhia.
Ser fã de Deus é um mistério que nos move.
E o mundo continua girando.
Mas não paro de pensar naquele menino.
Oh desgraça!
Isso é o que eu peço em oração:
"Venha até mim,
Alcance o meu coração.
Pois eu quero me ver no
reflexo da branquidão
da sua visão".
Quantas histórias posso formular?
Quantas estórias posso contar?
Quantos amores posso firmar?
Quantos contratos posso desfazer?
E, assim, fazer a minha palavra valer.
A mim brindo por inteiro.
A mim: quero por inteiro.
Com a vida brinco de "morto-vivo".
E com as minhas experiências,
continuo no esconde-esconde.

Um rei


Ele não é um rei,
Mas dentro de mim
Seu eco soa como um "hey".
Amor, amor!
Quão inválido você se tornou.
Quão insignificante você é.
Sem rima, sem validade, sem experiência.
E sobre o amor, o que dizia a ciência?
Deve ser uma maldição que corre para o rio.
E, assim, sigo rindo.
Realezas e mais realezas.
De mim a vida só tem moleza.
Vamos combinar que nisso tudo
Há uma beleza.
Que nos trás uma verdadeira
Poesia Universal.

Apenas um lugar


Procurar um lugar para se encaixar,
Um amor para viver,
Uma história para escrever,
Uma vida para compartilhar.
Refresque a memória:
A vida é uma campeonato
sem partida e nem chegada.
Às vezes, reino e
Outrora nem remo.
Vitória! Vitória!
Eles ecoam essa palavra.
Que sentido ela tem?
Não sei o sentido.
Mas acho que perdi a mágica do poema.
Creio que desacreditei em minha confiança.
E com o eterno esqueci de fazer uma aliança.
Desespero! Desespero!
Quantas lágrimas derramou um guerreiro?

- Olá, meu nome é Clarice! Prazer em conhecer você! É o seguinte: vou escrever um pensamento meu abaixo e espero que você se identifique:

     Um dia cheguei na Universidade Católica de Brasília sem rumo, apenas pensando se eu havia escolhido o curso certo, se as minhas decisões dali por diante seriam as melhores ou as piores possíveis. Conheci gente nova, faltava menos de quatro meses para eu completar 18 anos. Passei por alguns bocados até me sentir uma verdadeira universitária. E quer saber? Boas experiências tenho vivido. Porque com o tempo passamos a ver que crescemos, que crescer é um mal ou bem necessário. 

     Até um tempo eu dizia que estava cansada, até que algumas pessoas me falaram: "cansada de quê?", "você é tão nova para estar cansada desse jeito". Fui reparando nisso e vejo que é verdade. Estou no auge da minha juventude. Tenho que aprender muito ainda. Mas como já comentei em um texto: "tenho a síndrome da juventude surda". Isso é um defeito, confesso. Mas não há nada melhor do que seguir as nossas regras às vezes. 

     Aí você pergunta: Clarice, como você está hoje?
     
     Como eu estou hoje? Estou com 19 anos, tendo cada dia mais responsabilidade e cada vez desinteresse por algumas coisas. Já sou uma universitária há quase dois anos e pode acreditar que olhar para trás e tentar se convencer de que tudo aquilo transformou-se em histórias boas, é a coisa mais bonita que pude fazer na vida. Vamos descobrindo assuntos que nos movem, a fé que nos fortalece, as amizades que nos acompanham, a família que sempre podemos contar, o amor que nos envolve como mulher. Vamos descobrindo que somos capazes de mais à medida que reclamamos menos das coisas. 

     Ninguém vai bater na sua porta te oferecendo mil reais, uma viagem para Paris ou um ombro amigo. Vamos criando projetos e vendo que... ÔH VIDA! Descobrimos que aquela mulher capaz de mudar a sua própria história está dentro da gente, que não devemos fazer cobranças das pessoas ao nosso redor se elas não fazem o mesmo. Mas que não devemos nos pressionar para sermos felizes. Por que ser feliz não é uma regra da vida, é apenas um sentimento, uma escolha, uma atitude, um momento. Ser feliz é uma coisa que interdepende de nós mesmos, mas não é uma obrigação. 

    Quer sentir-se completo? Compre um quebra-cabeça para montar e complete-o, assim terá algo completo em sua vida. Somos seres humanos, vamos sempre querer mais. E outros nem tanto. Mas ser diferente é uma regra clara. Instigue-se mais. Não ligue para críticas machistas nem para modelos com corpos esculturais. A beleza está dentro de você e cuide-se por fora também, para pode sentir-se bem. Pois, por mais que falem que moda ou gostar de se arrumar sejam coisas um pouco fúteis. Não são tanto assim, além do que se você não sente-se bem quando se arruma ou quando passa ao menos um rímel, então é mentira. 

       Não implore amor, não confunda liberdade com experiência, não pressione-se a querer sempre o melhor. Cobre-se sempre no 220 quando o assunto for bom ou quando for um objetivo verdadeiro. Experimente as coisas. As pessoas. A fé. A confiança. Prove o sabor de conseguir uma coisa sua. Conquiste um amor para chamar de seu. Busque o conhecimento, pois isso ninguém tira de você. Fale o que você tem que falar. Por experiência própria: não fique guardando, isso te sufoca aos poucos por dentro. Decida ser uma mulher por inteiro. Aceite-se. E aceitando-se, o resto irá te aceitar por inteiro.

       Mas se bem que o resto não é tão importante assim, desde que você ame o que já está em sua vida. 

About her (Sobre ela)

      Ela procurava por sinais fixos para poder enxergar melhor e entender que nem tudo ou nem todos possuem o mesmo brilho. Mas ela sabe melhor do que ninguém os segredos guardados dentro desses meus olhos negros. E olhando para esses olhos cor de mel, eu sei bem sobre sua alma. De relance não reparamos que são cor de mel. De relance vemos apenas a velha inocência guardada. Isso a transforma de um jeito que nem os céus sabem explicar. Entrando e estando na vida dela, apenas sinta-a.

       Ela é aquele sonho bom, aquela música com letra e melodia. Aquele bom vinho no restaurante que você mais gosta. Aquela solidão doce. Aquele abraço apertado para as pessoas mais necessitadas ao seu redor. Ela pode ser várias, mas é apenas uma. E ela sabe disso. Não adianta eu escolher dois caminhos se no final continuarei pensando nela. Não adianta morrer por agora, se ela ainda reluz como ouro no meio dessa escuridão toda.
         
      Ela não é o tipo de mulher que se esconde pelo que demonstra. É o tipo de mulher que se destaca por não ter noção de sua beleza, amor, simpatia e amadurecimento. Você gostaria de ser essa mulher apaixonante, não gostaria? Então, saiba que você é essa mulher apaixonante. Por mais que pareça louco, ela sabe muito sobre os outros e pouco sobre si. Observe-a. Destaque-a. Transcreva-a. Conheça-a. Ame-a. E ela em troca? Simplesmente, saberá como cuidar do seu coração.

     Ela tem o cabelo liso, mas pela manhã fica meio embolado. Ela tem o sonho de poder encontrar seu lugar no mundo. Tem a vontade de poder dirigir sem rumo, sendo que ela tirou a carteira agora. Tem a sabedoria de passar a confiança por sua seriedade, mas quando chegam bem perto dela, descobrem uma palhaça. Não adianta apenas olhar e dizer que sabes que é uma mulher dentro daquela roupa.

    Você tem que olhar e reparar na cintura com pneuzinhos, na barriga branca, no cabelo solto e nos olhos cor de mel. Tem que reparar na luz transmitida por seu interior. Tem que reparar como a luz do sol a envolve, fica parecendo um diamante de tão branca ou um dourado de tanta melanina. Respeite-a. Conquiste-a. Acredite-a. Nela não cabe dois amores ou duas tempestades. Nela caberá várias malas com amores diferentes. Por que ela acredita que temos uma mala com amor que deverá ser dado a cada pessoa que passar por sua vida.

     Dá para acreditar nessa filosofia da "Mala do Amor"? Já criticaram falando que ela só sabe escrever sobre amor, só sabe demonstrar inocência e só sabe publicar coisas românticas e fofas. Mas já são poucas as pessoas no mundo que conseguem fazer isso e ela, ainda, sofre críticas?! Não está certo. Ela te amará pelo que é, não pelo que você quer que ela seja ou quer ser. Seja homem o suficiente para olhar em seus olhos e ver que nem tudo ao seu redor é vazio ou grotesco.